
As fake news deixaram de ser uma curiosidade online para se tornarem um problema estrutural das democracias, contaminando debates, campanhas eleitorais e decisões do quotidiano. A opinião pública tem-se vindo progressivamente a construir num ecossistema digital dominado por redes sociais e por algoritmos pouco transparentes. As notícias falsas circulam mais depressa e mais longe do que as verdadeiras porque exploram surpresa, indignação e medo.
Em muitas plataformas, conteúdos falsos propagam-se várias vezes mais rápido e têm maior probabilidade de ser partilhados do que informação verificada.
Em Portugal, a preocupação é clara: muitos cidadãos afirmam estar apreensivos quanto ao que é verdadeiro ou falso na internet, associando sobretudo as redes sociais à desinformação. Esta ansiedade informativa fragiliza a confiança nas instituições, na comunicação social e até nas conversas entre familiares e amigos, abrindo espaço a discursos conspirativos e de ódio.
As redes sociais tornaram-se, para muitos, a principal porta de entrada para a atualidade. Neste palco, a fronteira entre notícia, opinião e publicidade é frequentemente difusa, o que facilita a circulação de conteúdos manipulados, fora de contexto ou fabricados para influenciar emoções e comportamentos. O que vemos online resulta cada vez menos apenas da nossa escolha e cada vez mais de sistemas algorítmicos desenhados para maximizar cliques, tempo de ecrã e interação. Estes algoritmos selecionam e recomendam conteúdos com base nos nossos dados e comportamentos, criando uma “arquitetura invisível” que condiciona o nosso contacto com a realidade.
Ao privilegiar conteúdos emocionais ou polarizadores, esta lógica pode amplificar desinformação, reforçar preconceitos e reduzir o espaço da moderação. Formam-se bolas informativas que criam uma falsa sensação de consenso, com cada grupo rodeado por opiniões iguais às suas e convencido de que representa a maioria. Quando a informação é filtrada por algoritmos e moldada por campanhas de desinformação, o processo de formação da opinião torna-se mais passivo e menos consciente. Em vez de procurarmos ativamente fontes plurais, somos expostos a fluxos contínuos que confirmam o que já pensamos, dificultando a escuta de argumentos diferentes ou a mudança de posição.
Este contexto ajuda a explicar a crescente polarização política, o avanço de discursos populistas e a erosão da confiança na ciência, na União Europeia e noutras instituições públicas. Não se trata apenas de pessoas mal informadas, mas de ecossistemas inteiros em que a verdade perde competitividade face ao conteúdo mais viral.
A resposta a este desafio passa por colocar a tecnologia ao serviço das pessoas e da democracia. A nível europeu, iniciativas como o Centro Europeu para a Transparência Algorítmica e o Observatório Europeu dos Media Digitais procuram escrutinar o funcionamento dos algoritmos, promover a literacia mediática e exigir mais responsabilidade às plataformas digitais.
Na Região de Coimbra e de Leiria, o EUROPE DIRECT assume-se como ponte entre estas políticas europeias e os cidadãos, ajudando a compreender o funcionamento das redes sociais, a identificar desinformação e a usar o universo digital de forma mais crítica e informada. Num tempo em que a opinião pública pode ser orientada por linhas de código, defender uma cidadania ativa, exigente e bem informada é um dos mais importantes investimentos coletivos que a Europa pode fazer.
Convidamos todos a visitar o Europe Direct Região de Coimbra e de Leiria, nas instalações da Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra, para obter informações sobre a União Europeia e participar ativamente no futuro que estamos a construir juntos.