27 Agosto 2022
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Repensar a Arquitectura dos Lares de Idosos

 

O Covid-19 deu origem a novas formas de pensar em todas as áreas das nossas vidas e há casos em que o impacto é positivo, como o da arquitetura geriátrica. Aliás, a conceção dos espaços de cuidados de Saúde e Lazer para Séniores, já está a ser influenciada pelas exigências destes novos espaços.

Por vezes, os lares para idosos ainda são erradamente percecionados como locais sinistros, estéreis e desprovidos de esperança, ou seja, depósito para velhos.

Esta realidade ainda existe, e disso são exemplo os inúmeros lares ilegais. Edifícios antigos adaptados e que não foram construídos de raiz, quartos atravancados com mobiliário para dois ou mais idosos, corredores estreitos e sistemas que obrigam os funcionários a estarem em contato constante com as superfícies, são alguns dos exemplos que podem (e devem) ser repensados.

Os Lares de futuro devem ser assim, projetados para o pior dos cenários.

Durante uma pandemia, por exemplo, estarão muito melhor preparados para fazer face a surtos infeciosos menos agressivos.
A tendência será a de uma construção em vários aglomerados, com quartos individuais e pequenas salas de apoio (sala de estar, de jantar e enfermaria), isto, é já uma influência da Covid–19.
A pandemia veio colocar a tónica na importância da construção de espaços mais amplos, com fácil acesso ao exterior, e que concentram um número reduzido de utentes, pois é o que permite limitar com maior eficácia e segurança quer a transmissão de vírus, quer a prestação de cuidados de saúde mais direcionados.

Os especialistas sugerem assim, que os lares e quiçá as próprias habitações, sejam repensadas e construídas tendo em consideração algumas especificações.

Lares para Séniores

Devem-se privilegiar os quartos individuais, como as suítes, com casa de banho privativa e com um único ponto de entrada, para que não seja possível passar de um quarto para outro, sem a devida higienização e troca de materiais. É recomendada a utilização do maior número possível de materiais orgânicos, naturais e não tóxicos, especialmente no que se refere a revestimentos, soalhos e tintas.

Não se deve excluir o investimento na desinfeção.

Independentemente de situações pandémicas, deve ser considerado um investimento em procedimentos de desinfeção, em particular a utilização de tecnologia ultravioleta, que pode ser incorporada nas fontes de iluminação e nos sistemas de filtragem de ar. Portas, torneiras, dispensadores de sabão e desinfetante de toalhas devem funcionar através de sensores de movimento, assim como janelas, ascensores e iluminação ativados por voz.
Os corredores devem ser espaçosos, com uma largura de pelo menos entre dois a três metros, para que todos consigam passar confortavelmente uns pelos outros. Deverá haver ainda espaços de fuga ao longo dos corredores, para que se possa aumentar a distância física entre pessoas, caso seja necessário. Dever-se-á ainda privilegiar construções de rés do chão.

Lares e Residências para a faixa etária Sénior.

Lares para Séniores

Estes são locais de vida e de morte, de doença e de cura, de sofrimento e de alegria, de privacidade e de conforto. Quanto mais se assemelharem a ambientes domésticos, maiores as garantias de que o idoso/a pode exercer o seu direito de envelhecer ativamente e com dignidade.
Se aliarmos a estes espaços, tudo o que nestes últimos meses de pandemia fomos aprendendo, no que se refere à conceção e design deste tipo de estruturas, aumenta em muito as probabilidades de se ser bem sucedido nas respostas que têm que ser dadas com eficácia e segurança.

 

Psicóloga de Geriatria
Olga Brás
(Psicóloga de Geriatria)